Coliseu, um marco histórico
No dia
14 de Agosto de 1890 é inaugurada uma grande sala de espectáculos, o novo Coliseu dos Recreios. Vicissitudes várias levaram ao desaparecimento de outras casas lúdicas, sendo então urgente a construção deste novo espaço, erigido de raiz na Rua das Portas de Santo Antão e aberto ao público ainda longe das obras terminadas.
Tendo o contributo de artistas estrangeiros, o Coliseu dos Recreios foi inovador na introdução da arquitectura do ferro, ainda insipiente em Portugal, através da espectacular cúpula em ferro, com 25 metros de raio, vinda da Alemanha, encomenda feita à firma Hein Lehmann e C.ª. O telhado, também em ferro foi instalado em 1889, da responsabilidade do engenheiro Lacombe. O traço da obra deveu-se aos engenheiros Goulard, pai e filho e ao português Manuel Garcia Júnior; a construção metálica coube a Castanheira das Neves e a decoração ao pintor António Machado. Do arquitecto Cesare Ianz é o projecto da fachada do edifício, última parte concluída, de três pisos, com motivos decorativos em reboco e algumas carrancas, que lhe conferem e aumentam a grandiosidade.
O Coliseu dos Recreios assumiu-se sempre como uma sala de espectáculos popular, estabelecendo preços baixos e apresentando espectáculos de diversos tipos, entre os quais a ópera (poucos anos antes, em 1887, tinha aberto ao público um outro Coliseu, na Rua da Palma, no qual também funcionaram companhias de ópera mas que teve uma vida muito mais efémera). O Coliseu evidenciou-se especialmente no campo da ópera durante a Primeira República, constituindo então uma alternativa ao S. Carlos: em Dezembro de 1916 estreou-se uma companhia, organizada por Ercole Casali, da qual faziam parte Elvira de Hidalgo e Tito Schipa, e a partir daí cantaram no Coliseu nomes como Alfredo Kraus, Antonietta Stella, Carlo Bergonzi, Elena Suliotis, Fiorenza Cossotto, Joan Sutherland, Piero Cappuccilli, Tito Gobbi ou Tomás Alcaide. Entre 1959 e 1981 os espectáculos líricos passaram a ser organizados em colaboração com o S. Carlos, oferecendo a possibilidade de ouvir algumas das grandes vozes que vinham a Lisboa por preços acessíveis.