Paulo Flores + Yuri da Cunha
Coliseu dos recreios, Lisboa, 14 de Outubro
São dois enormes nomes da lusofonia, Paulo Flores e Yuri da Cunha, duas vozes que cantaram as suas Áfricas como ninguém, que transformaram em música o balanço particular das suas histórias, conquistando uma enorme audiência internacional e o reconhecimento amplo do seu próprio país, Angola, de que são símbolos incontornáveis neste presente. Agora, Paulo Flores e Yuri da Cunha vão encontrar-se num dos principais palcos dessa mesma lusofonia, o Coliseu dos Recreios de Lisboa, o “templo” apropriado para uma genuína celebração de amor, uma festa que convida à dança e à união através de canções que gerações sucessivas reclamaram como suas. E com eles levam até algo especial: No tempo das Bessanganas é um EP que gravaram juntos e que terá a sua antestreia em palco, uma ocasião única para espreitar um pouco do futuro que estão a planear os dois artistas.
Paulo Flores é uma referência incontornável da modernidade angolana, artista responsável por levar o semba ao mundo, carregando com ele as histórias, os sentires e os anseios de todo um povo, dando voz às memórias colectivas que fazem uma identidade e que às vezes até escapam aos livros de história. Ao longo de mais de 30 anos de carreira discográfica – o cantor iniciou-se cedo tendo gravado a sua estreia, Kapuete Kamundanda, disco de Agosto de 1988 onde saiu o clássico “Cherry”, com apenas 16 anos! -, Paulo Flores coleccionou incontáveis clássicos, gravou quase uma vintena de projectos, ajudou a transformar a kizomba num sucesso de popularidade e depois, mais tarde, abraçou o semba mais clássico de que se tornou um dos principais estetas graças a canções de coração fundo que sempre procuraram contar as histórias de vida do seu país. Recentemente ouvimo-lo cantar as dores e as alegrias da independência de Angola e a cruzar caminhos com um dos maiores nomes do rap cantado em português, Prodígio, membro dos Força Suprema.
Yuri da Cunha possui uma história igualmente rica, ele que, como Flores de resto, deu os primeiros passos por influência do pai, Henrique da Cunha, músico que tocava no celebrado e clássico grupo Os Kwanzas. E se a sua infância foi passada a experimentar ideias musicais e a aprender, foi em 1999 que deu os primeiros passos importantes quando gravou, já em Portugal, nos estúdios da Valentim de Carvalho, seu trabalho de estreia, É Tudo Amor, que lhe valeu aplausos e reconhecimento quase instantâneos. Vagueando com naturalidade entre o semba, a kizomba ou a rumba angolana, Yuri afirmou uma particular forma de cantar o amor, do mais romântico ao mais carnal, experimentando ao longo da sua discografia de tremendo sucesso diferentes ritmos, viajando pelo mundo, da África do Sul ao Brasil onde celebrou o carnaval em palco com a superestrela Daniela Mercury, nunca esquecendo as origens em vénias expressas na sua música a artistas como Bonga. Um percurso de uma riqueza imensa que até lhe valeu um prémio da MTV “Melhor Colaboração Africana” - é o único artista angolano a ter conseguido tal feito, prova de que levou a sua visão do semba a novos públicos.
E agora, é na Rua das Portas de Santo Antão, no centenário palco do Coliseu dos Recreios, que estes dois gigantes da canção angolana se vão cruzar. Os reportórios de Paulo e de Yuri são longos, recheados de êxitos daqueles a que as pessoas gostam de juntar as suas vozes, daqueles que têm o sabor de casa e o apelo do mundo. Juntos, Paulo Flores e Yuri da Cunha vão trocar clássicos, harmonizar os seus respectivos talentos, mostrar canções do novo EP e assinar aquele que será, certamente, um dos mais emotivos, efusivos e aguardados concertos do ano.